Agência americana cobra US$1 milhão após fraude com opções binárias.
Saiba tudo sobre a fraude milionária da Blue Bit. Entenda a multa aplicada pelos EUA e confira nossa análise completa do caso.
As opções binárias têm feito sucesso ao proporcionar lucros elevados em negociações simples e acessíveis. Infelizmente, à medida que esse mercado cresce, também atrai a atenção de fraudadores. No início de abril, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), agência reguladora do mercado de derivativos dos EUA, emitiu uma multa de US$1 milhão contra Glenn Olson, envolvido na fraude da Blue Bit entre 2014 e 2022.
A seguir, contamos melhor essa história e explicamos sua possível repercussão para o mercado de opções binárias.
Manipulação incluiu até criptomoeda fake.
O esquema da Blue Bit já havia ficado conhecido na mídia, mas só agora todos os detalhes vieram à tona. Afinal, a multa emitida pela CFTC é resultado de um acordo com Glenn Olson, com o qual ele também teve que admitir todas as suas fraudes à frente da Blue Bit. Entre 2014 e 2022, ele foi filiado ao Blue Bit Banc e entidades relacionadas. Nesse período, vendeu opções binárias para clientes da Blue Bit com nomes falsos e supervisionou equipes de vendas em um escritório da Blue Bit em Nova York.
Conforme a investigação da CFTC e confissão de Olson, o esquema da Blue Bit incluiu a distorção da lucratividade real das negociações em opções binárias feitas por meio da corretora. Além disso, Olson e seus agentes manipularam e fabricaram negociações falsas nas contas dos clientes da Blue Bit, sempre em favor da corretora. Outra prática comum da Blue Bit foi impedir os clientes de sacarem seus fundos, os quais eram constantemente desviados de forma ilícita.
Calma, que tem mais! Olson chegou ao ponto de fazer diversas declarações falsas e de omitir dados e informações relevantes dos clientes. Com isso, levantou dos clientes valores que chegaram, no total, a US$241.070.
Não satisfeito, no entanto, Olson decidiu levar adiante uma ação fraudulenta com prejuízo ainda maior aos clientes da Blue Bit. Ele esteve por trás da conversão dos títulos de diversas contas na corretora em uma criptomoeda falsa. Olson inventou o ATM Coin, uma criptomoeda sem valor real, mas que foi oferecida aos clientes como um ativo altamente valorizado. Apenas neste golpe, pelo menos 27 clientes perderam um total de US$846.405.
A decisão da CFTC.
Olson enganou os clientes da Blue Bit por quatro anos, até o caso vir à tona em 2022. Desde então, a CFTC vinha tentando costurar uma solução para penalizar o fraudador e, ao mesmo tempo, tentar reaver parte dos fundos desviados dos clientes. A decisão recente, no entanto, não garante que isso será possível.
O que a CFTC fez foi, basicamente, emitir um pedido de arquivamento e liquidação das acusações contra Glenn Olson pelo seu papel como líder do esquema fraudulento. Segundo a agência americana, ele atuou através do Blue Bit Banc, do Reino Unido empresa, e da Blue Bit Analytics, com sede nas Ilhas Turcas e Caicos (paraíso fiscal no Mar do Caribe). As principais vítimas da fraude foram investidores americanos, o que atraiu a atenção da CFTC.
A ordem da agência exige que Olson devolva todos os ganhos obtidos de forma ilícita. Isso inclui os US$241.070 desviados com a série original de manipulações na plataforma. Ainda está sendo cobrada uma restituição dos US$846.405 desviados com o esquema da ATM Coin. Neste caso, a obrigação não recai apenas sobre Olson, tendo sido imputada por um tribunal federal em uma ação de execução anterior.
Porém, nem tudo são rosas, e a própria CFTC já advertiu as vítimas de que as ordens de restituição podem não resultar na recuperação do dinheiro perdido. O motivo? Olson e seus parceiros de fraude podem não ter fundos ou ativos suficientes para pagar a conta. A única promessa da CFTC, para as vítimas da fraude, é de que continuará a “lutar vigorosamente pela proteção dos clientes e para garantir que os infratores sejam responsabilizados”. Infelizmente, isso parece muito pouco para quem já perdeu seu dinheiro.
Agora, se você está com medo de cair em um golpe de Olson futuramente, há pelo menos uma boa notícia nesta história. Ele também foi condenado a desistir de qualquer ação contra o Commodity Exchange Act e a observar os regulamentos da CFTC. Além disso, está impedido de negociar ou tomar parte em qualquer entidade registrada na CFTC, bem como de se envolver em quaisquer atividades que exijam registro na CFTC. Resta saber, agora, se ele respeitará todas essas decisões…
Opções binárias e as lições do caso Blue Bit.
Sempre que surge um caso como este no mercado binário, boa parte dos investidores arregala os olhos e passa a olhar com desconfiança para esse instrumento financeiro. No entanto, isso se deve, em grande parte, a um desconhecimento desse mercado.
Casos de fraude são comuns em todos os mercados financeiros, ocorrendo até mesmo nas bolsas de valores mais prestigiadas do mundo. A questão é que as opções binárias, assim como o Forex e as criptomoedas, são mais recentes e atraem uma grande quantidade de investidores ávidos por lucro fácil. Ou seja, proporcionam um novo ambiente para golpistas do mercado financeiro.
A principal lição que o caso Blue Bit deixa para os traders de binárias é que este é um mercado perigoso – como qualquer outro setor do mercado financeiro. Portanto, eles não devem baixar a guarda e se deixar enganar por promessas de dinheiro fácil e rápido, por meio de empresas com credenciais pouco sólidas. Isso não é tão difícil de averiguar, mas acaba passando batido muitas vezes por preguiça ou desconhecimento dos investidores. As ações de Olson podem trazer contribuições positivas a um mercado jovem como o das opções binárias. Afinal, elas demandam das corretoras e dos agentes sérios que operam nesse mercado uma resposta contundente. Obviamente, essa resposta deve vir no sentido de gerar mais confiança junto aos traders. Portanto, esperamos cada vez mais instrumentos regulatórios sólidos e consistentes nesse mercado daqui para a frente. Afinal, um negócio só é lucrativo para todos quando todos se sentem seguros para negociar.