Forex o que é 1

Caixa Geral de Depósitos.


Mercado Forex: o que é, como funciona e quais os riscos.


O Banco e Eu.


Se já teve contacto com este mercado mas nunca chegou a arriscar, conheça as suas especificidades e entenda os seus riscos. 28-07-2022.


O Mercado Forex tem como base o valor das moedas. Saiba como funciona e perceba os riscos deste tipo de investimento.


Se chegou até este artigo, mesmo não sendo um investidor, é provável que já tenha ouvido falar do Mercado Forex e dos ganhos que podem ser obtidos através desse sistema. No entanto, mesmo para quem já tem algum conhecimento sobre o mercado de capitais, a forma como funciona pode levantar algumas dúvidas. E, como veremos, alguns alertas relativamente a riscos.


A sua complexidade, o facto de não ser regulamentado e o considerável grau de risco associado a este tipo de investimento fazem com que o Mercado Forex seja ainda uma incógnita para a maior parte dos pequenos investidores.


O facto de existirem plataformas de negociação e particulares que anunciam os seus serviços nesta área, apesar de não estarem autorizados a exercer esta atividade, faz aumentar o risco. Atraídos pela perspetiva de ganhos fáceis, muitos negociam em plataformas não autorizadas. Ao fazê-lo, não só perdem o direito a reclamar e a tentar reaver o valor investido, como acabam envolvidos em esquemas de pirâmide, ilegais em Portugal.


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O que é ?


Forex é a abreviatura de “ Foreign Exchange Market ”, isto é, numa explicação simples, um mercado de divisas estrangeiras. As transações feitas através do Forex não envolvem ações, mas sim moedas (incluindo criptomoedas), que são sempre negociadas aos pares, trocando o valor de uma pelo valor de outra. Por exemplo, trocando euros por dólares norte-americanos.


Falamos de um mercado mundial descentralizado, sem uma sede física, que cresceu bastante com a generalização do uso da internet, permitindo que corretores, bancos e até particulares tivessem acesso a esta forma de negociação. Atualmente, em termos de volume de negócios, é o maior mercado do mundo, movimentando cerca de 6,6 triliões de dólares por dia, de acordo com o último relatório do BIS - Bank for International Settlements .


Os principais investidores e participantes deste mercado são os grandes bancos internacionais, incluindo bancos centrais, instituições financeiras como seguradoras e entidades de crédito, especuladores, corporações comerciais e particulares. O Mercado Forex é dividido por níveis de acesso, determinado pela quantidade de dinheiro que os investidores estão a negociar, por isso o mercado interbancário é o que responde por mais de 50% de todas as transações.


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Como funciona o Mercado Forex.


Se já trocou dinheiro, sabe certamente que o valor é variável e que, se trocar dinheiro num dia pode “perder dinheiro” em relação ao dia anterior. Por exemplo, se hoje o euro estiver a valer 0,85 libras, e comprar mil libras, pagará 1.176,47 euros. Daqui a uma semana, se o euro sofrer uma valorização e passar a valer 0,90 libras, por exemplo, iria pagar por mil libras 1.109,02€, ou seja, teve uma perda de 67,45€ numa semana. Imagine esse cenário com avultados valores.


Simplificando, é nisto que está baseado o Mercado Forex, num sistema de transação de câmbios. No Forex são negociados pares de divisas. Por exemplo, EUR/USD ou EUR/GBP. O valor destes pares é determinado por diversos fatores a que é necessário estar atento para saber se vai comprar ou vender.


Se acredita, por exemplo, que o euro vai valorizar face ao dólar, deve comprar um par EUR/USD. Se a perspetiva é que o dólar valorize face ao euro, deve optar por vender.


No primeiro caso está na chamada posição de compra, isto é, quer comprar euros e vender dólares, que é a divisa secundária. No segundo caso, e uma vez que quer vender a divisa base (o euro), está numa posição de venda.


Quem investe em Forex procura ganhar dinheiro com estas flutuações, isto é, vai receber de acordo com as diferenças de valorização das moedas em que investe.


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Outra das diferenças do Mercado Forex em relação aos outros investimentos são os horários. Quando o mercado fecha em Nova Iorque está a abrir em Sidney, o que significa que este mercado está quase sempre aberto, funcionando 24 horas por dia, exceto aos fins-de-semana.


Se por um lado, isto permite uma rápida resposta por parte dos investidores, por outro implica uma atenção redobrada, já que as condições do mercado podem ser alteradas muito rapidamente.


As decisões dos bancos centrais, eventos políticos, sociais e económicos, relatórios de entidades económicas ou sociais (como a OCDE ou o FMI) influenciam o valor das moedas e, por vezes, de uma forma rápida e imprevisível. Por isso, este é um investimento complexo.


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Quem pode investir no Mercado Forex?


Teoricamente, qualquer pessoa pode investir, até porque não é necessário que o investidor tenha disponível todo o valor envolvido na operação. Isto não significa que se possa ganhar dinheiro sem investir, ou que não seja necessário cumprir determinados requisitos.


O primeiro é ter uma conta aberta num intermediário financeiro e este tem de estar autorizado pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a prestar este tipo de serviços. Se tem dúvidas, pode consultar no site da CMVM a lista de entidades autorizadas, assim como os alertas sobre intermediação financeira não autorizada.


Os intermediários cobram, obviamente, comissões, e tendo em conta a complexidade do mercado, é importante escolher uma entidade com boa reputação e que possa aconselhar sobre os investimentos.


O Mercado Forex envolve grandes instituições financeiras e grandes investidores privados, pelo que, se pretende mesmo entrar neste mundo, é necessário conhecer as regras e os riscos.


A liquidez elevada e o facto de ser um mercado “over-the-counter" (OTC), ou seja, fora da Bolsa, surgem muitas vezes como fatores apelativos. No entanto, os mercados OTC não têm o mesmo nível de transparência dos mercados regulamentados, pelo que o risco aumenta.


O mercado OTC, ou mercado de balcão.


Nos mercados OTC o nível de transparência é inferior ao dos mercados regulamentados, pelo que o risco é maior.


Em Portugal, só há três mercados regulamentados registados junto da CMVM: a Euronext Lisbon, o Mercado de Futuros e Opções, e o Mercado de derivados OMIP.


Assim, qualquer transação de contratos de derivados não efetuada nestes três mercados é considerada uma transação em mercado OTC e não está sujeita às normas de transparência dos outros mercados.


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Os principais riscos.


Por todos estes motivos, investir no Mercado Forex não é aconselhável a qualquer tipo de investidor. Quem tem um perfil mais conservador e não gosta de correr riscos dificilmente optará por este tipo de investimentos.


A CMVM, nas suas recomendações sobre produtos financeiros complexos, alerta para alguns riscos relacionados com este mercado.


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Riscos financeiros.


Entre os riscos financeiros estão o de perda total ou parcial do capital investido, o facto de a remuneração não ser garantida e os próprios riscos associados às taxas de câmbio, que, como já foi referido, estão dependentes de uma série de fatores que não podem ser controlados pelo investidor. Além disso, estas taxas podem sofrer alterações bruscas, que nem sempre permitem uma reação atempada.


Se é verdade que os retornos positivos podem ser multiplicados, o mesmo se aplica às perdas, e exatamente na mesma proporção, pelo que não é aconselhável investir tudo de uma só vez.


Um dos grandes perigos é a chamada alavancagem, ou seja, a forma como os intermediários financeiros permitem multiplicar o dinheiro investido mesmo que o investidor não disponha desse capital.


Vejamos um exemplo dado pela Deco. Imagine que intermediário financeiro indica um rácio de 100:1. Isto quer dizer que pode alavancar 100 vezes o seu capital e que com um investimento de 1.000 euros pode ficar exposto a uma posição de 100.000 euros.


Se negociasse um lote EUR/USD a 1,0560, isto queria dizer que estaria a comprar 100 mil euros e a vender 105.600 dólares. No final do dia, fecha a sua posição a 1,0660, o que lhe permitiria ganhar 1.000 dólares ou 938 euros. Porém, se estivesse a investir com um rácio de 100:1, e com margem exigida de apenas de 1.000 dólares, poderia quase duplicar essa margem.


No entanto, se o euro não tivesse valorizado face ao dólar e tivesse perdido na mesma proporção, teria perdido praticamente todo o seu capital. Em situações extremas é possível que a perda seja superior ao capital investido, avisa a Deco.


Por isso, pode optar por investir sem alavancagem, usando o rácio de 1:1. Assim investe apenas o que tem e, embora ganhe menos, também terá perdas de menor impacte.


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Riscos não financeiros.


Os riscos não financeiros dizem respeito à própria complexidade do produto, que faz com que se possa perder dinheiro sem perceber o cenário que terá levado a essa perda.


Ou seja, enquanto, por exemplo num investimento imobiliário o investidor percebe claramente a desvalorização do mercado e as razões que podem ter levado à perda, no Mercado Forex, e porque é um produto complexo, pode ser difícil entender o que levou a que o investimento não fosse bem-sucedido.


Por isso, o Mercado Forex é pouco aconselhável a quem não compreender o seu funcionamento e riscos associados.


Alguns conceitos chave:


Brokers: corretores ou intermediários que negoceiam em nome do cliente. Alavancagem: uma alavancagem de 1:100 significa que o cliente só precisa de ter na conta 1% do valor da transação. Divisa base: é a primeira divisa num par de divisas (por exemplo, no par EUR/USD é o euro). Ordem: instrução eletrónica para abrir ou fechar uma posição na conta do cliente caso seja atingido determinado preço. Posição de compra: quer comprar determinada divisa porque espera que o preço de mercado aumente. Posição de venda: quer vender uma divisa porque se espera que o valor desça.


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Riscos jurídicos.


Os riscos jurídicos, nomeadamente as alterações legais relacionadas com impostos, transmissão e exercício de direitos, são também assinalados pela CMVM.


A DECO, num artigo publicado no seu site em maio de 2022 e posteriormente no Jornal de Negócios, alerta para os riscos do Forex e considera que “aceder ao mercado cambial é relativamente fácil, mas para a maioria dos investidores a falta de experiência acaba por ser uma forma rápida de perder dinheiro”.


A associação de defesa do consumidor alerta para a “proliferação de plataformas digitais que viabilizaram o acesso ao Forex dos pequenos investidores”, mas deixa um aviso: “A assimetria de informação e a diferença abissal na capacidade dos vários intervenientes em tomarem risco tornam o mercado do Forex um terreno muito perigoso para os pequenos investidores que, na ilusão de obterem ganhos elevados e rápidos, acabam por perder grande parte do seu capital”.


É também referido que surgem, por vezes, “propostas desonestas” de operadores e corretoras “com práticas pouco lícitas, que se aproveitam da menor regulação nos países onde estão sediadas”.


Bull & Bear: o que é?


É uma expressão usada nos mercados financeiros e que define o chamado sentimento dos mercados, ou seja, é uma forma de perceber se estão otimistas ou pessimistas. Há quem diga que este sentimento permite antecipar um boom na Bolsa ou uma crise, mas há também quem defenda que, por serem sentimentos subjetivos, não podem ser encarados como dados fiáveis.


Os Bull (touros) são os investidores otimistas e os Bear (ursos) os pessimistas. Todas as semanas, os analistas de mercado do Investors Intelligence divulgam o chamado rácio Bull/Bear, que define o sentimento do mercado, com base nas opiniões dos principais investidores. Este índice é geralmente aceite como um bom indicador.


Por exemplo, se a relação for de três bulls para um bear, o mercado está otimista. Se, pelo contrário, os bears estiverem em minoria, a Bolsa estará em queda.


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As 6 cautelas a ter para evitar erros de principiante.


As entidades que supervisionam os mercados financeiros emitem frequentemente avisos para os investidores no Mercado Forex, sobretudo para os mais inexperientes.


É o caso da ESMA (European Securities and Markets Authority), que deixa, num desses alertas, várias ideias-chave:


Faça o trabalho de casa: verifique se o intermediário tem autorização para operar; Tenha consciência de que alguns produtos ou serviços podem ser enganosos; Não invista mais do que está disposto a perder e esteja consciente de que pode perder mais do que investiu; Conheça os riscos associados a este mercado; Sendo um investimento complexo, e dada a volatilidade dos produtos, o Mercado Forex não é indicado para investidores desavisados ou avessos ao risco; Se a empresa não está autorizada a operar, não é obrigada a cumprir as regras de proteção ao investidor, como a salvaguarda dos ativos do cliente, clareza na informação e divulgação de riscos. Se algo correr mal, o cliente não poderá ter acesso a procedimentos de reclamação ou a qualquer compensação.


No fundo, todas estes alertas convergem para um ponto comum. Trata-se de um mercado complexo e arriscado. Apesar de estar facilmente acessível - basta ter ligação à internet - nem tudo é tão simples como parece. Por isso, é importante conhecer os riscos antes de investir.


Por onde começar :


Antes de investir, e como terá de encontrar uma plataforma ou corretora, procure perceber, nos sites do Banco de Portugal e da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, se essa entidade está habilitada a exercer essa atividade; Faça uma pesquisa para saber se essa entidade já foi alvo de avisos; Analise várias opções antes de selecionar um intermediário e de abrir uma conta. Se quer perceber melhor o funcionamento do Forex, pode abrir uma conta demo, ou seja, uma conta para ir treinando com um investimento virtual. Mas atenção às contrapartidas que lhe podem ser pedidas; Depois, e para começar a negociar, terá de depositar uma determinada quantia, também designada como margem ou depósito de segurança. Comece com pouco investimento até perceber claramente como funciona o mercado e quanto pode ganhar ou perder; Assim, e até porque existem várias opções de contas, pode começar pela mais básica; O nível de alavancagem escolhido também deve ser o mais básico, de forma a minimizar eventuais perdas provocadas pela inexperiência e desconhecimento das regras. Não invista mais do que está disposto a perder.


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